terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Após ser esquecido no Recife, homem vive em casa de madeira

Paulista vive na capital do estado há um ano e meio e diz não ter condições financeiras para voltar a São Paulo

Casa chama a atenção de motoristas e pedestres que passam pela Avenida Abdias de Carvalho. Fotos: Teresa Maia/DP/D.A Press

Há um ano e meio o paulista Mateus Lima da Silva, 32 anos, pisou pela primeira vez em solo recifense. Trabalhando como descarregador de caminhões, Mateus decidiu conhecer o mar de Boa Viagem enquanto a autorização para descer a carga não chegava. Ao retornar ao ponto onde o caminhão deveria estar, no bairro da Imbiribeira, não encontrou mais os colegas e perdeu a volta para casa, em Santos (SP). 

Desde então, adotou as ruas do Recife como sua morada Depois de dormir várias noites no Centro da cidade, decidiu montar o seu canto. Atualmente, Mateus, que vive de bicos, mora uma casa de madeira feita por ele mesmo, às margens de uma das avenidas mais movimentadas da Zona Oste do Recife.

“Eu fui tomar um banho na praia e quando voltei não encontrei mais ninguém. Para sobreviver, precisei me virar fazendo bicos. Passei muitas noites ao relento e tive meus documentos todos roubados. Hoje vivo com saudades dos meus três filhos e da minha mulher. Nunca mais tive notícias deles”, revela. 

Por dentro, espaço é apertado e ainda acumula muitos entulhos
Por dentro, espaço é apertado e ainda acumula muitos entulhos
A casa de Mateus é simples. Suas dimensões não passam de três metros de largura por menos de dois metros de cumprimento. Mesmo assim, ela chama a atenção de quem passa pela Avenida Abdias de Carvalho, na altura do bairro do Bongi. Os adereços colados nas paredes da pequena casa branca, segundo o morador, têm um significado. 

“Montei minha casa aqui nessa calçada e coloco esses enfeites para deixá-la mais bonita. Aqui tenho um extintor para o caso de alguém fazer uma maldade comigo. As flores representam as rosas de Saron e tenho até uma imagem de Nossa Senhora do Carmo que eu comprei na cidade. Na frente da minha santa eu rezo todos os dias pedindo proteção”, conta Mateus.

Apesar de pintada e enfeitada por fora, por dentro a moradia de Mateus ainda precisa de muitos ajustes. A cama está em um dos três cômodos da casa, mas existe muito entulho no interior do “imóvel”, o que impossibilita a dormida no local. Entre os artigos que se destacam na fachada da pequena casa branca estão ainda espelhos, retrovisores, desenhos de bonecos e caixas de som de computadores. 

“Ainda está tudo muito bagunçado. Para dormir eu coloco um colchão aqui do lado de fora”, aponta o morador. Mateus conta que gostaria de voltar para São Paulo, mas que para isso precisa de ajuda financeira.

Diario de pe

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